terça-feira, 17 de agosto de 2010

Orientação de D.A- Sugestões de Atividades

       Existem vários métodos de comunicação com o deficiente auditivo. Os considerados oralistas e os de sinais. Oralismo é um termo utilizado para descrever um método de reabilitação que ensina a criança que possui surdez a ouvir e falar, só que tal fato não surge de maneira natural, é necessário o estimulo.
      A estimulação precoce de uma criança que nasce ou torna-se surda no período que vai do nascimento até os três anos de idade é fator vital para a aquisição da linguagem, nos casos em que a criança não consegue se expressar oralmente (o que não é o caso), os métodos de sinais seriam mais indicados.
      O que precisamos ter é uma visão da comunicação como um todo, não excluir técnicas e recursos para a estimulação auditiva, utilizar de aparelho de amplificação sonora, leitura labial, treino de fala, leitura e escrita, qual quer forma que facilite o desenvolvimento da fala do paciente.
      É importante diferenciar a língua de sinais, dos gestos indicativo-representativos como;(tchau, sinal de positivo, aponta, etc. Já os sinais é uma língua universal, com diferenças regionais, os sinais transmitidos pelos surdos, não são compreendidos pelas pessoas que não têm acesso a seu significado, a sua estrutura gramatical e sintática.
     Dessa forma, a escolha, pelos pais, da metodologia e filosofias educacionais pode viabilizar a aquisição de linguagem por sua criança surda, seja em Língua Portuguesa, seja em Língua Brasileira de Sinais, seja nas duas línguas.
    Na fase inicial do trabalho com linguagem, o que se espera é a recepção dos conceitos lingüísticos, sem preocupação excessiva com a emissão, deixando que esta ocorra espontaneamente, sem forçá-la. Se houver emissão por parte da criança, mostrar aprovação, mas se não houver, continuar o trabalho, pois de início o objetivo principal a ser alcançado é, como já foi dito, é a recepção.
   Os prejuízos, na audição, fala, compreensão e sociabilização, que acarretam as dificuldades de comunicação e interação, só terão sucesso na reabilitação se familiares educadores e terapeutas, obterem conhecimentos das estratégias facilitadoras, tornando-se assim membros atuantes no processo de habilitação do deficiente auditivo.
Algumas recomendações úteis para se conseguir melhores resultados na estimulação da linguagem são:

- criar uma atmosfera calma e agradável, a fim de obter melhor colaboração da criança, cuja deficiência acarreta os maiores prejuízos justamente nesta área;
- no início usar linguagem filtrada, isto é, frases curtas, simples, mas completas, enfatizando os vocábulos a serem ensinados;

-não é necessário gritar, utilize de expressões faciais e entonações ricas, e jamais articule sem som, por maior que seja a perda, devido ao aparelho auditivo, algumas informações a criança vai receber

- criar situações ricas de significado e partindo da experiência da criança, a fim de despertar seu interesse e alcançar um bom nível de compreensão;
- apresentar, sempre que possível, os vocábulos concretamente;
- dar apenas dois vocábulos por vez, de modo que a criança fixe muito bem seus conceitos;

- ampliar gradualmente o vocabulário, mas sem deixar de lado as palavras já introduzidas;
- orientar os pais e demais pessoas que convivem com a criança, mostrado a importância da ajuda em casa com relação ao vocabulário que está sendo desenvolvido na classe;
- dosar bem as atividades de linguagem, que apesar de serem diárias, não podem cansar as crianças;
- incluir conhecimento físico, como a propriedade dos objetos: cor, forma, tamanho, etc;
- incluir o conhecimento lógico matemático, como a noção de tempo, espaço, causalidade.
- reforçar diariamente os clichês sociais: “Bom-dia”, “Como vai?”, “Obrigado”, “Até amanhã”;
- habituar as crianças a atenderem “ordens” simples, como:

- Sente-se.
- Levante-se.
- Vem aqui, venha cá.
- Abra a porta.
- Feche a porta.

- Pule.

- Dê-me, me dá (seguido do nome do objeto).
- Pegue (seguido do nome do objeto).
- Levante a mão.


- Escove os dentes.


As sugestões de área para o desenvolvimento da linguagem dadas a seguir, podem constituir o ponto de partida para esquematizar os assuntos a serem introduzidos e o modo como podem ser trabalhados:

A linguagem do corpo:

- o esquema corporal
- o vestuário


Eu e os outros:
- a família
- a escola


Coisas que eu como:


- os alimento
Que dia é hoje?
- o tempo


Coisas que eu vejo:
- os brinquedos

- os animais
Como, quanto e onde?

- cores
- formas

- tamanho
- quantidade
- lugar


Outras áreas podem ser trabalhadas de acordo com a situação ou necessidade da criança. Como exemplo sugere-se : Meios de Transporte, Plantas, Objetos de Uso Pessoal, Saúde e Higiene, entre outros.

A linguagem do corpo: esquema corporal


Vocabulário: mão, pé, bumbum, cabeça, olhos, cabelo, etc... (dependendo das possibilidades no momento).

Atividades:

• Identificar as partes do seu próprio corpo, do corpo do professor. O professor vai nomeando as partes:

- Este é o meu pé.
- Maria, mostre o seu pé.

- Maria, mostre o pé do João.

Idéias :
  Reproduzir em guache ou contornar a própria mão.
  Reproduzir em guache ou contornar o próprio pé.

Como a criança deitada, o professor contorna com giz ou lápis de cera o seu corpo no chão ou em papel.

Identificar as partes do corpo em diferentes tipos de reprodução: utilizando bonecos ou recortes de revistas. O professor nomeia as partes do corpo e a criança vai mostrando-as:


- Mostre o pé.

- Onde está o pé?


• Recortar e colar gravuras de pessoas, indicando as partes do corpo, a pedido do professor:


- Onde está o pé?
- Mostre o pé.
• Recortar e colar partes do corpo: pé, mão, boca, olhos, cabelo, bumbum, etc...
• Completar a figura humana, parcialmente desenhada.
Desenhar a si próprio, o professor, os amigos, as pessoas da família, etc.
• Distribuir partes do corpo de um boneco desmontado. A criança associa a cada parte seu próprio corpo, procurando nomeá-la com a ajuda do professor.

• Trazer ou pedir para a criança trazer para a sala uma bacia ou banheirinha com água, sabonete, toalha e uma boneca para o banho do bebê. O professor dá banho na boneca e vai falando o nome de cada uma das partes do corpo, enquanto vai passando o sabonete, lavando ou enxugando a boneca:


- Olhe o pé do bebê!
- Olhe o bumbum do bebê!
- Este é o cabelo do bebê!

- Vou enxugar o cabelo do bebê!

Continuar a situação do banho. A criança dá banho na boneca e o professor vai falando:


- Você está lavando o cabelo do bebê.
- Mostre a mão do bebê.
- Você está enxugando o cabelo do bebê.
A linguagem do corpo: o vestuário

Vocabulário: calça, blusa, saia, vestido, meia, sapato.

Atividades:

• Retomar o banho do bebê: a criança veste a boneca. O professor verbaliza toda a situação:

- Pegue a blusa.

- Põe a blusa na boneca.

- Onde está a meia?
- Põe a meia na boneca.
• Confeccionar roupas de bonecas com materiais diversos.

• Recortar e colar figuras de peças de vestuário.

• Desenhar peças de vestuário, a partir de um modelo.

• Nomear as peças do seu vestuário.

Eu e os outros: a família

Vocabulário: nome da criança, mamãe, papai, vovô, vovó, titio, titia, bebê (nenê). Introduzir os vocábulos de maior importância efetiva para a criança.

Atividades:
• Cartaz e álbum da família - o professor pede fotos dos membros da família que serão trabalhados. Com as fotos faz um cartaz ou álbum da família da criança. De início, mostra as fotos, nomeando os elementos para a criança:

- João, olha o papai!
- João, olha a mamãe!

Em seguida o professor pede à criança para identificar cada elemento:


- João, onde está o papai?
- João, mostre a mamãe! etc.
Fazer a criança empregar o pronome pessoal eu quando o professor solicita mostrando a foto da criança.

Utilizando o mesmo cartaz, o professor pergunta:
- João, quem é ele?
- João, quem é ela?
A criança responde ou indica quem está na foto, com a ajuda do professor.
• Desenhar as pessoas da família. O professor coloca o parentesco em baixo de cada desenho.

• Apontar cada uma das pessoas de sua família, à proporção que forem sendo nomeadas:

- mostre o titio.

- mostre a titia.



Eu e os outros: a escola

Vocabulário: a professora, ele (o amiguinho), ela a (coleguinha), eu, você, mesa, giz, lápis, etc.

Atividades:

• Visita a escola, enquanto o professor nomeia suas dependências:
- Esta é a cozinha.
- Aqui está o banheiro.


• Fazer um cartaz com a foto (destacável) e o respectivo nome da criança
O professor indica cada foto e pergunta:

- Quem é ele ?

- Quem é ela ?
A criança indica.
O professor pergunta para cada criança:


- Quem é você ?

A criança responde eu, ou tenta falar seu próprio nome.


Coisas que eu como: os alimento

Vocabulário: leite, café, pão, bolo bolacha, arroz, feijão, ovo, carne, maçã, banana, tomate, batata, água, manteiga...


Atividades
• O café da manhã - Dramatizar o café da manhã Pedir à criança se puder, para trazer os elementos que fazem parte dessa situação real. Durante a refeição o professor aproveita para nomear os objetos e as ações:

- Olha o leite.
- ..., quer leite?
- Pegue o leite;
- Olhe o café.
- Pegue o pão.

• Inverter a situação acima. A criança pede os alimentos ao professor.
O professor solicita oralmente os alimentos, e o aluno deve mostrá-los ou apanhá-los.


- ..., onde está o pão?
- ..., passe o pão.

- ... eu quero pão.


O professor mostra os alimentos e a criança deve tentar nomeá-los:

- O que é isto?
- O que tem no bule?
- O que tem na sua xícara?
• Desenhar e pintar os alimentos e utensílios do café da manhã.
• Repetir as mesmas atividades sugeridas para o café da manhã ao dramatizar o almoço e o jantar, introduzindo o seguinte vocabulário: arroz, feijão, ovo, batata, tomate, água, maçã, banana, bife.

• Recortar e colar os alimentos:
- do café da manhã
- do almoço
- do jantar















Que dia é hoje? O tempo
Vocabulário: hoje, ontem, amanhã, sol, chuva, chovendo, nublado, calor, frio.

Atividades:
• Diariamente o professor mostra o calendário, risca o dia anterior e circunda o dia em que está, dizendo:
- Hoje é dia ...
- Hoje é terça-feira.

- Hoje é quarta-feira.
• Diariamente o professor mostra como está o tempo e pergunta:
- Hoje tem sol?

- Hoje está chovendo?
- Hoje está nublado?

• Depois de mostrar como está o tempo, um aluno coloca no calendário a cartela com a figura correspondente (sol, chuva, nuvens, etc.)
• Utilizando fichas com as palavras ontem, hoje e amanhã, o professor as nomeia, relacionando-as com os dias correspondentes no calendário.
• Utilizando fichas com gravuras indicando calor e frio, o professor as nomeia, relacionando-as à temperatura do dia.
• Observar relógios marcando horas exatas, associando atividades da vida diária: hora de acordar, hora de tomar café, hora de ir à escola, hora de almoçar, hora de brincar, hora de jantar, hora de dormir.


Coisas que eu vejo: os brinquedos
Vocabulário: bola, boneca, carro, trem, etc.
Atividades:
• Deixar a criança manusear livremente os brinquedos, verbalizando a situação e participando das brincadeiras.
- Maria, olha a bola.
- Pega a bola.
- José, joga a bola.
- A bola pula.
- Dá a bola.
- Chuta a bola.
• Pedir para a criança trazer brinquedos de casa e, na sala, formar o “Cantinho do Brinquedo”.
• Brincar com os carrinhos no chão, imitando o barulho do motor. • Desenhar ruas, montar cartelas com os sinais de trânsito e fazer a criança movimentar os carrinhos respeitando os sinais.
A mesma atividade, com o trem.
• Brincar “de casinha”.















Coisas que eu vejo: os animais
Vocabulário: cachorro (au - au), gato (miau), vaca (mu - mu), passarinho (piu - piu), cavalo (upa - upa ou estalar a língua), galinha (có-có), pato - (dependendo da emissão e da idade da criança, serão utilizadas as onomatopéias).


Atividades:


• Observar um gato ou outro animal e imitar a sua voz
Vendo o gato mostrar suas características:


- Maria olha o gato!
- O gato faz miau!

- O gato tem rabo!
- Vamos passar a mão no gato?
Na sala de estimulação o professor deve trabalhar com bichinhos de plástico, verbalizando a situação.
- Esta é a vaca!


- A vaca faz mu - mu!

- A vaca dá leite.

• Na sala de aula, a criança desenha os animais.

Utilizando gravuras os bichinhos de plástico, a criança identifica os animais ou suas vozes.

Dramatizações com a emissão das vozes dos animais:

- andar como cachorro e latir, bater as asas e cacarejar, etc.

















• Recortar e colar animais.
• Recortar e colar animais que voam.

• Recortar e colar animais que não voam.

Como, quanto e onde:

- as cores

Vocabulário: azul, vermelho, amarelo.

Atividades:
• Formar conjunto de objetos diferentes, mas com a mesma cor.

• Recortar e colar figuras da mesma cor.

Formar, na sala de estimulação o “cantinho de azul”, o “cantinho de amarelo”, etc. onde a criança vai colocando os objetos/figuras da respectiva cor.
O professor vai mostrando e nomeando cartelas de cores diferentes.
Distribuir um jogo de cartelas de cores diferentes para cada criança, a seguir mostra uma cartela, e a criança que tiver a cartela da mesma cor do professor terá que mostrá-la.
O professor distribui as cartelas e pede à criança que mostre aquela que corresponde a cor pedida.

A mesma atividade, usando peças do vestuário:

- Quem está com calça azul?

- Mostre aos colegas a calça azul.

- Quem está com camisa amarela?

- Mostre aos colegas a camisa amarela.

• Pedir para a criança procurar na sala objetos da cor pedida.

• Separar os “blocos lógicos’ conforme a cor.

Como, quando e onde:

- as formas
Vocabulário / conceitos: quadrado, triângulo e círculo.

• Manusear, livremente, os blocos lógicos no chão.

• Deixar que a criança separe livremente os blocos lógicos de acordo com um ou mais atributos (cor, forma, tamanho, espessura).
• Fazer a criança separar os blocos lógicos de acordo com a forma: ex.: pedir para separarem os quadrados.

A mesma atividade, pedindo para separar os círculos.
A mesma atividade, pedindo para separar os triângulos.
As mesmas atividades podem ser desenvolvidas com materiais diversos, como por exemplo: dados, caixa de fósforo, botões, toquinhos de madeira, palitos de sorvete, tampinhas, copinhos de plástico, etc.
Como, quanto e onde:
- tamanho

Vocabulário / conceitos: grande, pequeno, igual, diferente.
Atividades:

• Separar cubos ou outros objetos de acordo com o tamanho: grandes, pequenos.

• Formar conjuntos de objetos grandes.
• Formar conjuntos de objetos pequenos.
 Mostrar desenhos do mesmo objeto, grande e pequeno, e pedir para a criança indicar e pintar o objeto grande.
A mesma atividade, pedindo para a criança indicar e pintar o objeto pequeno.


• Desenhar na lousa, diversas figuras, de tamanhos diferentes, e pedir para a criança apontar as figuras grandes e as figuras pequenas.

• Mostrar desenhos que reproduzam várias vezes o mesmo objeto, e uma vez um objeto diferente: pedir para a criança apontar e pintar o objeto diferente.

• Mostrar desenhos que reproduzam vários objetos iguais e alguns diferentes; pedir para mostrar os objetos iguais.

Como, quando e onde:

- quantidade

Vocabulário / conceitos: muito, pouco.

Atividades:
• Separar conjuntos com muitos objetos.

• Separar conjuntos com poucos objetos.
• Separar pedrinhas, sementes ou outros objetos, colocando-os em caixas, identificando a seguir a caixa que contém muito ou poucos objetos.

Como, quando e onde:
- lugar

Vocabulário / conceitos: aqui, lá, em cima, embaixo.
Atividades:
• Obedecer ordens emitidas pelo professor:
- João, venha aqui.
- Maria, vá lá.
O professor mostra um objeto ou figura que está perto e um objeto ou figura que está longe e diz:
- A bola está aqui.
- O pato está lá.

O professor pega uma bola e a coloca em cima da mesa e diz:

- A bola está em cima da mesa.

A mesma atividade com a bola embaixo da mesa.


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